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Foto: Sanny Santana

Por Brenner Menezes e Sanny Santana
colaboração para o Política ao Vivo

Após diversas ocorrências, vídeos de trocas de tiros e ameaças de facções, além de relatos de moradores, que chamaram a atenção da mídia, no dia 5 de março a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) divulgou que a PM havia iniciado uma ocupação na região, assim como feito no Complexo do Nordeste de Amaralina.

Já sob o comando do secretário de Segurança Pública, Ricardo Mandarino, e o temido Coronel Paulo Coutinho, comandante-geral da Polícia Militar que tomou posse do cargo em janeiro, a ocupação trazia uma visão de que, a partir daquele momento, os moradores do bairro teriam, finalmente, segurança, e a guerra entre os grupos criminosos rivais, BDM (Bonde do Maluco) e Katiara, finalmente cessaria.



Contudo, com 530 policiais militares da 31ª Companhia da Polícia Militar (CIPM), além do apoio de equipes da Rondesp BTS, do Batalhão de Choque, Graer, Águia, Polícia Montada e Coppa, nenhuma ação de combate à criminalidade foi vista, nem pelos moradores, nem pela mídia.

O Bahia 190 conversou com um morador de Valéria, que costuma compartilhar, em suas redes sociais, notícias sobre a criminalidade no bairro. Questionado sobre como está sendo a intervenção da polícia na região, o denunciante classificou a ocupação como “marketing”.

“Questão da polícia em Valéria é marketing. Quando chegou a mídia, chegou o policiamento pesado. Tem base, com dois policiais e uma viatura durante o dia, mas quando cai a noite, é roubo e a ‘zorra’ toda”, relata o homem, que preferiu não se identificar.

O denunciante também conta que não presenciou, nem soube de qualquer ação policial que tenha tido algum resultado positivo. Ele afirma ainda que apenas recebeu um vídeo, sete dias antes, de uma moradora, que filmou uma perseguição entre policiais e criminosos. A “caçada”, porém, não serviu de nada.

“Hoje somam sete dias [que houve registro de ação policial]. Houve perseguição a um veículo, que bateu e os meliantes correram. Eles foram baleados, mas conseguiram ‘dar pinote’”, diz.

Quase 15 dias após o início da ocupação no bairro, no dia 19 de março, a equipe de reportagem entrou em contato com a Polícia Militar para obter informações sobre possíveis ações policiais na região. A PM, entretanto, apenas respondeu que “mantém o policiamento intensificado” e “segue realizando rondas normalmente no bairro e ainda conta com uma base móvel posicionada em um local estratégico”.

Em nota, a PM ainda reforçou que o objetivo da ocupação é “atuar na prevenção e no combate à criminalidade; promover ações contra o tráfico de drogas; crimes dolosos contra a vida; porte e posse ilegal de armas de fogo e munições; identificar suspeitos e cumprir mandados judiciais na região”. Nenhum dos pontos citados, porém, foram vistos.

Por outro lado, a ocupação mais recente feita pela Polícias Militar e Civil foi no Complexo do Nordeste de Amaralina no dia 2 de dezembro de 2020. A operação conjunta envolveu 700 agentes e até mesmo ônibubs pararam de circular no bairro.

Durante a operação no Nordeste de Amaralina, o Coronel Manoel Xavier, linha de frente da ocupação chegou a dizer que a ação não tinha tempo determinado para acabar. Mas o porquê não ter feito o mesmo no bairro de Valéria, onde desde o mês de dezembro do ano passado, há fortes registros de guerra de facções onde a população do bairro está refém dos bandidos.

Enquanto a SSP omite dados da “ocupação” no bairro da Valéria, os moradores do bairro seguem com medo e reféns da criminalidade.





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