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Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, as finanças tornaram-se, na pandemia, motivos de estresse e ansiedade para 67% dos brasileiros. A excessiva preocupação com a falta de dinheiro e as autocobranças por soluções imediatas são hábitos que parecem fazer parte do novo normal gerado pela covid-19, mas a psicóloga e educadora financeira comportamental Meire Cardeall alerta para a possibilidade de um  quadro daquilo que os especialistas chamam de ansiedade financeira.

A pisicóloga define ansiedade financeira como uma sensação desregulada, exagerada e recorrente de preocupação, medo ou desconforto relacionada à capacidade de pagar as contas, gerar renda, realizar os objetivos e sonhos. Segundo ela, esse problema pode surgir em qualquer momento, principalmente em situações de instabilidade e crise econômica, como esse período de pandemia.



A perda do emprego, a queda no faturamento da empresa, mudanças no padrão de vida do indivíduo e falta de perspectivas em relação ao futuro – acontecimentos que se tornaram mais frequentes durante a pandemia – são, segundo Meire, as principais questões que podem desencadear um quadro de ansiedade financeira.

“A preocupação em situações como essas é normal e esperada. Mas é importante que se tenha bastante cuidado e atenção, porque uma autocobrança e culpa exageradas podem não só dificultar a forma de lidar com o problema, como também prejudicar a saúde mental do indivíduo e até abrir as portas para uma possível depressão. A forma que a pessoa lida com o dinheiro pode arruinar a saúde emocional dela”, alerta a psicóloga.

Mas como perceber que há algo de errado na preocupação com as finanças? Cardeall explica que, quando sensações como a de culpa pela atual situação, de autocobrança por soluções imediatas e de medo do futuro passam a interferir no dia a dia e dificultar a tomada de decisões, pode haver algo desregulado. Esses comportamentos, aliados a dificuldades para dormir, desatenção, baixa produtividade, mau humor excessivo, isolamento ou vergonha associada à situação das próprias finanças, podem configurar sintomas de ansiedade financeira.

Se o analfabetismo é uma das causas da ansiedade, por outro lado, a educação financeira comportamental pode ser uma das competências essenciais para contornar a situação de forma eficaz e evitar que o problema se agrave. Além da busca por informações sobre a real situação de suas finanças e a melhor forma de lidar com ela, a psicóloga indica conhecimentos sobre gestão das finanças, mudanças comportamentais e equilíbrio das emoções para combater e evitar um quadro de ansiedade financeira.

“Você vai precisar encontrar uma solução, seja para se reposicionar no mercado de trabalho para recuperar a sua renda, ou recuperar o faturamento de sua empresa e, para tanto, o primeiro passo é admitir a existência do problema. Mas isso não significa se acostumar com ele. Outro passo fundamental é sair da passividade, cortar gastos, pensar em estratégias que gerem renda, desenvolver novas habilidades e lembrar, sempre, que crises fazem parte da história da humanidade e podem ser uma oportunidade para reinventar-se”, orienta.

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