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Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

Agência Brasil

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) adiantou hoje (2) que a produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) nacional deve permitir a entrega de 50 milhões de doses da vacina contra covid-19 em 2021. Segundo a fundação, foi firmado novo acordo com a AstraZeneca para a importação de IFA suficiente para mais 50 milhões de doses, somando 100 milhões de doses a serem entregues no segundo semestre.



A projeção inicial da fundação, divulgada ainda em 2020, era a produção de 110 milhões de doses com IFA nacional em 2021, mas a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, explicou que essa era uma estimativa feita ainda com a vacina em fase de testes.

“As 110 milhões foram uma estimativa com os dados que tínhamos antes mesmo de a vacina ser aprovada, antes de várias etapas terem acontecido e os problemas iniciais com o IFA”, citou a presidente da fundação, que reforçou que a Fiocruz trabalha para conseguir mais IFA e produzir mais vacinas. “Nosso esforço é por IFA adicional, e isso já está contratualizado. Um esforço para mais IFA, se for possível, porque há uma carência [internacional]. Essa vacina está sendo usada em 170 países”.

A Fiocruz assinou nesta semana o acordo de transferência de tecnologia com a AstraZeneca para garantir a produção de IFA nacional. Até o fim de julho, serão entregues 100,4 milhões de doses produzidas somente com IFA importado e previstas no acordo de encomenda tecnológica, assinado no ano passado.

Além do esforço para ampliar a produção do segundo semestre, a Fiocruz busca reduzir a possibilidade de haver uma interrupção de entregas, já que as doses da encomenda tecnológica serão liberadas até julho e as da produção nacional de IFA só devem ter a distribuição autorizada pela Anvisa em outubro. Além de carregamentos adicionais de IFA importado, a fundação tenta conseguir também mais doses prontas, como as 4 milhões que chegaram da Índia em janeiro.

O diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma, ressaltou que todas as alternativas estão sendo avaliadas e articuladas para que mais vacinas sejam disponibilizadas à população. Sobre a previsão inicial de doses totalmente nacionais, ele reforçou que o maior conhecimento sobre a vacina permitiu fazer uma previsão mais precisa.

“À medida em que a gente foi conhecendo melhor o processo, detalhando melhor os protocolos de produção e conhecendo melhor os rendimentos, à medida que a gente foi tendo essas informações, a gente teve uma capacidade maior de fazer uma previsão mais precisa”, disse ele. “Nesse momento, a gente viu que até pode produzir mais do que 50 milhões de doses, mas dificilmente a gente consegue entregar, porque várias dessas doses estarão em controle de qualidade”.

Mesmo assim, o diretor destaca a dificuldade de fixar previsões de doses. “Vai depender do rendimento que a gente vai conseguir do IFA. O IFA varia lote a lote, tem concentrações virais diferentes, volumes diferentes, e isso pode gerar mais ou menos doses”.

Zuma avalia que a assinatura do contrato de transferência de tecnologia ter acontecido no fim de maio não atrasou a produção do IFA, porque as informações técnicas já vinham sendo compartilhadas pela AstraZeneca desde agosto do ano passado. A negociação do acordo, afirma ele, trouxe a possibilidade de aperfeiçoamentos futuros na vacina serem compartilhados com a Fiocruz, assim como a fundação se compromete a compartilhar quaisquer melhoramentos que faça na vacina.



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